segunda-feira, 10 de maio de 2010

Poesia Matemática

Às folhas tantas Do livro matemático
Um Quociente apaixonou-se
Um dia Doidamente Por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base,
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide, Corpo otogonal, seios esferóides.
Fez da sua
Uma vida Paralela a dela
Até que se encontraram No Infinito.
"Quem és tu?"indagou ele Com ânsia radical.
"Sou a soma dos quadrados dos catetos. Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram - O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs - Primos-entre-si.
E assim se amaram Ao quadrado da velocidade da luz
Numa sexta potenciação
Traçando Ao sabor do momento
E da paixão Retas, curvas, círculos e linhas sinoidais.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclideanas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E, enfim, resolveram se casar Constituir um lar.
Mais que um lar, Uma perpendicular. Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissetriz. E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro Sonhando com uma felicidade Integral E diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones Muito engraçadinhos
E foram felizes Até aquele dia Em que tudo, afinal, Vira monotonia.
Foi então que surgiu O Máximo Divisor Comum Freqüentador de Círculos Concêntricos. Viciosos. Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta, E reduziu-a a um Denominador Comum.
Ele, Quociente, percebeu Que com ela não formava mais Um Todo, Uma Unidade.
Era o Triângulo, Tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era a fração Mais ordinária.
Mas foi então que o Einstein descobriu a Relatividade
E tudo que era expúrio passou a ser
Moralidade Como, aliás, em qualquer Sociedade.

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